Ana Laura de Morais Uba e Barbosa

PLATAFORMA (RE)PENSA: DIVULGAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES DE  AILTON KRENAK À DESCOLONIZAÇÃO E A SUSPENSÃO DESTA HUMANIDADE 

  

A plataforma (RE)PENSA tenta difundir, interpretar e apresentar o pensamento de Ailton Krenak, favorável à descolonização de estruturas educacionais,  políticas e de hábitos. Usando suas principais contribuições disponibilizadas em rede, organizadas em conteúdos didáticos, reposicionando organismos multilaterais. Demonstrando, assim, diversas dimensões críticas à convivialidade exercida por uma humanidade prepotente, que se perde pela premissa de que havia uma humanidade esclarecida, que precisava ir ao encontro da humanidade obscurecida, trazendo-a para essa luz incrível (KRENAK, 2019.). Esta prepotência embasou ideias e práticas que se colocaram como o exemplo de civilização, com concepções de verdades e escolhas equivocadas ao longo da História. Responsáveis pelo desencadeamento de um “jeito de estar aqui na Terra” que sempre justifica o uso de violências, disputas epistêmicas, culturais, sociais e econômicas. Iludindo-nos a uma "humanidade que pensamos ser", que vem demostrando, no tempo presente, excesso de razão, aparatos, instituições e hábitos que distancia o verdadeiro bem estar social e limita a nossa capacidade de invenção, criação, existência e liberdade. (KRENAK, 2019) 

 

Devido à urgência de manter uma coesão como humanidade, tentaremos facilitar a compreensão e acesso de interpretações profundas sobre o mundo que partilhamos, que inicia ao falido mito de origem, onde pessoas foram arrancadas de seus coletivos, seus lugares de origem e jogadas, neste liquidificador chamado humanidade, onde mais de 70% estão totalmente alienados do mínimo exercício do ser (KRENAK, 2019).  

 

Teorizar, produzir e mudar práticas epistêmicas, a fim de revitalizar a existência da vida na forma humana, se torna uma condição necessária ao ofício do historiador e ao ensino de história, rompendo com estes concelhos de progresso ilusórios que somos impostos, sem maiores questionamentos ao verdadeiro bem-estar no mundo, pautados na universalização. “A ‘única história cria estereótipos’. O problema com estereótipos não é que eles sejam mentira, mas que eles sejam incompletos. Eles fazem uma história tornar-se a única história. [...] Eu sempre achei que era impossível relacionar-me adequadamente com um lugar ou uma pessoa sem relacionar-me com todas as histórias daquele lugar ou pessoa. A consequência de uma única história é essa: ela rouba das pessoas sua dignidade. Faz o reconhecimento de nossa humanidade compartilhada difícil. Enfatiza como nós somos diferentes ao invés de como somos semelhantes (ADICHIE, 2009).

 

Epistemologias indígenas no território brasileiro, com centralidade em interpretações de Ailton Krenak, dispõe conselhos à combatividade e resistência, que transcendem o simplismo do reconhecimento da dívida histórica, vislumbrando interpretações, movimentos, demandas e agendas, à apresentação de possibilidades à qualidade de vida, impensável à essa humanidade racional e hegemônica. Apresentam recursos e potencialidades sociais, com exposições próprias de suas histórias, princípios e vivências urbanas e rurais. Demonstram sua intelectualidade (ZAPATA, 2007), de acordo com os debates realizados em diferentes lugares de Abya Yala – ou América Latina – ao combate de imposições sórdidas do neocolonialismo, elaboradas com a força da consciência do povo, da nação indígena e ocupação coletiva das instituições, usando da transversalidade destes mundos originais e complexos, contra o ocultamento de capacidades ancestrais e contemporâneas.

 

Em uma forma orgânica, temos mecanismos criados cada vez mais para separarmos de uma vivência coletiva, gerando tensões às existências e categorias, que mesmo unidos aos planos de revitalização desta humanidade, como as denúncias dos estudos pós-coloniais e decoloniais, oferecem o mesmo cardápio, o mesmo figurino, e se possível, a mesma linguagem para o mundo (RIVERA CUSICANQUI, 2010). Nós ficamos tão perturbados com o desarranjo regional que vivemos, ficamos tão fora do sério com a falta de perspectiva, que não conseguimos nos erguer e respirar. (KRENAK, 2019). Por isto, é preciso indicar os limites destas produções que querem apresentar experiências e laços como comunidade, mas permanecem deslocando sujeitos e mundos a uma margem da cidadania, desumanizando seus modos e corpos, posicionamos como primitivos, objetos de estudos; jamais produtores de conhecimento, capazes de fazer habitar no cotidiano coletivo, uma cosmovisão que traga cidadania, alteridade e capacidade de estar no mundo de maneira crítica e consciente, descolados do consumo e da competição. 

 

Deve-se assumir a apresentação de uma produção acadêmica, didática ou qualquer outro tipo de conteúdo histórico, social ou político à integridade das complexidades dos mundos, à transversalidade histórica, à pluralidade cultural e particularidades dos sujeitos de uma maneira especial, com mais afeto, alegria, proximidade, respeito e profundidade. Entendendo que este posicionamento faz caráter ao ofício como historiadores, que se classifica no dever de sustentar o presente à partir da conscientização da humanidade, diante os processos civilizatórios apresentados no passado, onde exemplos, concelhos e acontecimentos, devessem conduzir o moderno e o progresso. Rememorar o passado e conduzir o presente, com afeto, na prática de produções, exige deslocamentos de hábitos à subalternização, assim como deve-se ceder espaços e assumir a troca horizontalizada aos conhecimentos, dispor e dedicar pensamentos e produtos à comunidade, pensando na melhor convivialidade. 

 

Isto só será possível, quando afastarmos da competição entre gabinetes, da prepotência intelectual ao formular categorias e por fim, extinguir a revisão teórica e etnográfica que interpreta sujeitos e objetos, em quase mediocridade, acelerando e perpetuando com a dominação, o silenciamento e a extinção de outros mundos e possibilidades de vida coletiva. Também de se incluir imagens como provadoras da realidade, sem esteriótipos pejorativos e imaginados, e por fim, ouvir a sonoridade do cotidiano como a forma mais potente de se alcançar a absorção de informações pela oralidade. 

 

O fato de podermos compartilhar este espaço, de estarmos juntos viajando não significa que somos iguais; significa exatamente que somos capazes de atrair uns aos outros pelas nossas diferenças, que deveriam guiar o nosso roteiro de vida. Ter diversidade, não isso de uma humanidade com o mesmo protocolo. Porque isso até agora foi só uma maneira de homogeneizar e tirar nossa alegria de estar vivos. (KRENAK, 2019). 

 

O objetivo dos conteúdos é de chamar a atenção para a revitalização das produções de pesquisa ou conteúdos didático de temática indígena. Na tentativa de colaborar integralmente em recolocar os povos originais no Brasil, como potências à reconciliação da humanidade, através da integração horizontal de identidades, existências, autorias e intelectualidade, criando estratégias próprias para intervir na reprodução e repercussão de universalidades pejorativas e inválidas. Autoria indígena privilegia próprios termos, contra qualquer violência ou inferiorização, expressando assim sua máxima autonomia e liberdade, contrárias ao que propositalmente foi rotulado a estes corpos. Tentaremos em nossos conteúdos, colaborar com a revitalização de práticas e também ressignificar a presença dos povos originais, nos espaços de construção de conhecimento, distanciando-os de determinantes de suposta invalidez social, buscando empregar sua plena colaboração na atividade histórica, política, social e intelectual e por fim, ressemantizar a larga e pejorativa tradição acadêmica, difundindo referências, produções e debates a partir da autonomia e autoria indígena.

 

Como             salienta Daniel Munduruku (2011), “É preciso conhecer. É preciso se tornar conhecido. É preciso escrever — mesmo com tintas do sangue — a história que foi tantas vezes negada. A escrita é uma técnica. É preciso dominar esta técnica com perfeição para poder utilizá-la a favor da gente indígena.  

 

Existe urgência de ação social, política, intelectual, educativa e acadêmica a ser assumida ao rompimento com o hegemônico. Colaborar cedendo espaços aos povos originais, em mais específico reportando o pensamento de Ailton Krenak, dentro de espaços e instituições que sempre tiveram uma ideia de tutores em relação a estes, é fazer reexistir e resistir poderes que realmente possam adiar o fim da humanidade, trazer otimismo e reconhecer a necessidade de renovar as práticas de produção do conhecimento, que de maneira ainda mínima aparecem como preocupação no cenário educacional e no ofício do historiador. 

 

A (re)pensa, propõe ampliar apresentações do ofício do historiador e do ensino de história, valorizando a própria natureza, afetos, demandas e particularidade, colaborando com a visualização de outros mundos possíveis. Ao desafio de demarcar telas (KRENAK, 2020) e convocar pensamentos que façam (re)pensar o desejo de viver, atentos ao fato de estarmos construindo implicações históricas, integradas a dimensões políticas e afetivas. Se devemos funcionar em uma história maestra vita, que se assuma a complexidade e limites de categorias. (Re)pensando ao rememorar vidas transversais, individuais e coletivas. Vida é transcendência, está para além do dicionário, não tem uma definição (KRENAK, 2020). 

 

Em tentativa de emancipação e ampliação do campo crítico especializado e fragmentado, assumimos uma forma espiral de nossas historicidades, entendendo que a transversalidade do tempo que redefine as práticas, mas nunca as anulam, oportunado assim re-pensá-las. O trabalho  está na ampliação das especificidades, mostrando as redes de ações, normas e técnicas que nos levaram a apagar muitos prazeres e possibilidades, a partir do momento em que o plano de sermos hegemônicos rouba nosso senso critico,  o respeito, e nos aliena a pensar sempre no diferente como um problema chave da falta de “desenvolvimento". É preciso concretizarmos que somos todos produtores. Somos capazes de formular  conteúdos críticos, partindo da apresentação de narrativas próprias, que não se preocupa com uma especialização da temática, quando se tem conexões multidimencionais e transversais, memórias, manifestos e formas de interpretações, porém deve-se ser apresentado de maneira unilateral e equalizada, afinal é a interpretação e vivência do outro.   

 

Colaborar com a de(s)colonização do epistêmico e das eventualidades do colonialismo na produção acadêmica e em materiais didático-pedagógicos é também colaborar com a tolerância. Demanda a união, a organização de núcleos de pesquisadores e alunos, dedicados à produção de conteúdos decoloniais, autônomos, de demandas comunitárias, partindo do mapeamento de características própria a sua localidade e de constante atualização dos acontecimentos e desenvolvimentos de  movimentos autônomos do local e território que ocupamos, amplo e virtual.

 

Defendendo então a importância da formação de núcleos de estudos decoloniais, que partem da experiência dos sujeitos, para elaboração de diagnósticos sociais e da construção da memória coletiva, que possam realmente levar a aproximação individual e coletiva, tornando possível a auto-inscrição e autonomia do sujeito individual e coletivo, para a re-formulação e re-organização que definem a conscientização histórica, as práticas sociais e levam a uma convivialidade pautada no respeito, na pluralidade e transversalidade, e não se apresentam em constante disputas de poderes, autenticidade ou privilégios, que afasta a convivência ou pulsões a conexões sociais plenas.

 

Fomentaremos debates mais plurais e horizontalizados junto à divulgação das críticas de Ailton Krenak diante da organização desta humanidade, como pensamento central às práticas de descolonização no contexto do território brasileiro e violências do Estado. Em uma ação que barra a marginalização de sujeitos e mundos complexos, pelo simples ato de ceder espaços de produção de conhecimento, escutando conselhos que amenizam tensões da interpretação social, amplia possibilidades práticas e encoraja trabalhos autônomos de re-existência, que incentivam práticas e hábitos a uma convivialidade sem hibridismo e hierarquização, libertando ao afeto mútuo de seres.

 

Visa-se aproximar de produções, instituições e movimentos autônomos para inspirar modelos de instituições que sustentam as próprias ideias, divulgando e visibilizando a essência de “poder ser” e não abaixar-se para a retórica do “deve ser”. Isso demonstra protagonismo, resistência e autonomia diante da opressora operação simbólica que reproduz eterna “agência”. 

 

Quer-se trazer ao Ofício do Historiador a leitura frente à autonomia e ao protagonismo de grupos majoritariamente silenciados, como sujeitos que sustentam perspectivas e buscam assumir o rompimento de retórica e processos combinados que naturalizam os múltiplos processos de miscigenação e etnogênese ainda hoje repercutidos, sendo possível seu sucesso apenas se integrando.

 

Esta produção tentará romper com a suposta infantilidade, segundo várias interpretações produzidas no interior das abordagens das Ciências Humanas e Sociais, assim como na jurídica e estatal. Ao longo do tempo, uma parte significativa da historiografia parece (re)produzir esse esteriótipo com ênfase no individualismo e heroísmo, silenciando imaginários coletivos, marcando “os subordinados”. Então propõe-se o (re)registro das realidades, mapeando elementos próprios materiais e imateriais, abrindo ao novo equilíbrio, oportuno para promoção e resgate de uma historicidade múltipla, plural e subjetiva, totalmente possível ao aparato vital de Ailton Krenak.

 

Deve-se distanciar do tempo prospectivo, especialista em criar ausências, no sentido mais peculiar da vida, já que gera angústia e intolerância imperial. Voltando o sujeito a resistir e existir em um mundo vital, menos opressor, que ainda seja  capaz de experimentar o prazer de estar vivo, dançar, cantar. O tipo de humanidade zumbi que estamos sendo convocados a integrar não tolera tanto prazer, tanta fruição de vida. Então, pregam o fim do mundo como uma possibilidade de fazer a gente desistir dos nossos próprios sonhos. Minha provocação sobre adiar o fim do mundo é exatamente sempre poder contar mais uma história. Se pudermos fazer isso, estaremos adiando o fim.” (KRENAK, 2019.). Neste conselho ampliaremos modos de fazer história e por sentido a vida.

 

Não se pretende apontar críticas muito severas a uma obscuridade de fatores que a antropologia-histórica do século XX encobre, particularmente na historiografia do Brasil, não atinge vínculos de identidade suficientes para nos aproximar à ancestralidade e a práticas que seriam advindas dos habitantes originais,  a narrativa de barbárie, exotismo e incapacidade impede de serem visualizados outros aspectos desses. Dando resposta a esta prática, revitalizaremos a produção historiográfica, com ferramentas que extinguem esta incapacidade, inverdade e alienação. Pretende-se demostrar que diante de produções repetitivas, brancas, violentas, silenciosas e simplistas. Investigar as colaborações de Ailton Krenak, apresenta como meio de romper a dinâmica dominados versus dominadores”. Respondendo com desenvolvimento de ações coletivas. Diferente de um progresso bárbaro, nada magistral, e sim perigosos à existência e continuidade.

 

O pensamento de Ailton Krenak e suas tantas colaborações diversas sobre nossa convivialidade no tempo presente, devem ser interpretadas como evocação analítica das articulações impostas pelo colonialismo e hierarquizações sociais, fazendo com que, na análise, seja o expectador convidado à re-elaboração do significado prático destas articulações, que impedem um sentimento íntegro de construção de comunidade, forjando a incapacidade individual e coletiva da aproximação equalizada, quando é apontando o outro. Isso está diretamente ligado à universalização do cientificismo, que elabora uma série  de estereótipos e significados que moldam os pilares que nos fazem sempre competir por diferentes poderes e pequenas soberanias. Horizontalizar os discursos, será almejado via conteúdos, sendo a autoria de Ailton Krenak inspiradora à compreensão da história do presente, prezando a inclusão de ideias e descolamento de categorias.

 

Tenta-se alinhar ao ofício do Historiador e as ferramentas do ensino de história a esta instituição, que cerca o sonho da clarividência, no desejo de conseguir colaborar e expandir  com as subjetividades, possibilitando definir outros campos de afeto, em conexão com o cotidiano, extinguindo a prática anteriormente questionada da produção do conhecimento histórico que nos mantém “chapado” com a realidade. Se somos partes que ocupam lugar de fala frente aos acontecimentos e sujeitos históricos, sejamos uma parcela que assume a necessidade de substituir práticas para expandir, sem se explodir sujeitos e mundos que colaboram com a convivialidade. 

Intelectualidade sofisticadas como de Ailton Krenak, acreditando que para além de conteúdos e conselhos a todxs, sua biografia transcenda a coragem de assumir espaços que estão ocupados, entendendo que: biografias têm uma potência de evocar percursos da nossa formação e da nossa vida, da nossa experiência engajada, seja no contexto local, quando você vive numa pequena comunidade, ou quando você consegue extrapolar os limites dessa comunidade onde nos sentimos protegidos pela memória e pela história, mesmo que cada um de nós possa experimentar. Extrapolar esses limites da comunidade é uma rara experiência que algumas pessoas realizam conscientemente, de maneira ativa. (KRENAK,2018.)

 

O desenvolvimento do Ofício do Historiador e as responsabilidades, como ensino de História, reformulado e apresentado através da plataforma educativa (re)pensa, cumpre um objetivo de  colaborar com a ampliação dos espaços autônomos para o desenvolvimento colaborativo de conhecimento, diálogos sociopolíticos e interpretações em torno do colonialismo e de experiências contemporâneas. Promovendo um movimento reeducativo voltado à articulação da autonomia dos seres, que, contra a eugenia, conseguem adquirir potencialidades próprias e consolidar uma rede mais ampla e (re)elaborada de demandas e particularidades locais, interagindo-as horizontalizadas, por meio de um agrupamento de colaboradores, estudantes e pesquisadores indígenas e não indígenas, aliados a um  intuito comum de tornar mais visível o trabalho científico plural e afetivo.   

 

Rearticulando produção de conhecimento e integrando práticas de re-existência elaboradas a todxs complexidades sociais, interpretações e transversalidade revitalizando esta humanidade que estamos impostos a viver sem otimismo. Em movimento de facilitar a compreensão das tensões e interpretações decoloniais entre os núcleos acadêmicos, como suporte aos processos formativos universitários, cumprimos também com o objetivo de aprofundar e aproximar-nos de questões identitárias, elaboração de memória, e por fim abrimos possibilidades a uma historiografia transversal e transtemporal, assumindo a continuidade de processos coloniais que impedem e censuram mundos, interpretações e complexidades, construindo barreiras contra esta lógica prejudicial, substituindo-a com otimismo quando se mostram e se articulam diferentes expressões. 

 

Assim, defendemos a manifestação como aliadxs, aos direitos dos povos indígenas da América Latina, Abya Yala, do Sul e de diásporas africanas, procuramos desenvolver nossa produção, posicionadxs numa frente comum: a guerra contra o colonialismo que se mantém transversal a territórios, corpos e temporalidades inferiorizando-os. Re-inscrevendo práticas à descolonização que dão conta de complexos multidimencionais do sujeito e do coletivo que se conectam por experiências e vivências impostas pelo mal-comum do colonialismo se torna uma urgência a nossas práticas de ofício, pessoal e coletiva. Em suma, destinamos um último convite a (RE)PENSAR o ofício do historiador e os objetivos do ensino de história, com Ailton Krenak: “ Viver a experiencia de fluir a vida de verdade deveria ser a maravilha da existência. Alguém vai dizer: "Mas tem tanta gente que vive em dificuldade material, que tem que morar em lugares de miséria e violência ...”. Porém os lugares de miséria e violência fomos nós que criamos, não têm existência por si. Todas as guerras em curso por aí são produzidas por nós. Também não podemos ficar alimentado essa ideia de destino: “Ah, aquele monte de gente sofreu,  mas era o destino deles." Isso é uma sacanagem. Não é destino deles nem meu nem de ninguém: nós estamos aqui para fluir a vida, e quanto mais consciência despertarmos sobre a existência, mais interessante a experimentamos. Sem autoenganação.” (KRENAK,2020).

 

Referência biográfica

 

Ana Laura de Morais Uba e Barbosa, graduanda em  História - UFMG.


Referências bibliográficas

 

ADICHIE, Chimamanda Ngozi. O perigo de uma história única. Companhia das Letras, 2019.

 

KRENAK, Ailton. A potência do sujeito coletivo–Parte I. Revista Periferias. Rio de Janeiro, n. 2.

 

KRENAK, Ailton. O amanhã não está à venda. Companhia das letras, 2020. 

 

KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. Companhia das letras. 2019. 

 

KRENAK, Ailton. A vida não é útil.  Companhia das letras, 2020.

 

MUNDURUKU, Daniel. Literatura indígena e o tênue fio entre escrita e oralidade. 2011. Disponível em: http://sociedadedospoetasamigos.blogspot.com.br/2014/12/literat ura-indigena-e-o-tenue-fio-entre.html. Acesso em: 22 fev. 2021.

 

RIVERA CUSICANQUI, Silvia. Ch’ixinakax utxiwa. Una reflexión sobre prácticas y discursos descolonizadores. Buenos Aires: Tinta Limón, 2010.

 

ZAPATA SILVA, Claudia (Comp.). Intelectuales indígenas piensan América Latina. Quito: Universidad Andina Simón Bolívar; Ediciones Abya-Yala; Centro de Estudios Culturales Latinoamericanos, Universidad de Chile, 2007.

2 comentários:

  1. Olá, ótimo texto parabéns.
    Nunca li nada do Krenak, mas vi alguns vídeos dele. Acho ele fantástico, como outras lideranças indígenas.
    Gostaria de saber se Krenak formula o que é o ser na visão dele? E como ir contra o ser eurocêntrico, capitalista que vive para o lucro?

    Obrigada,
    Paola Rezende Schettert

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  2. Olá, não conheço a plataforma repensa e fiquei bastante interessada. A autora poderia disponibilizar site-endereço? Também gostaria de saber o conceito de civilização (ou a critica a ele) exposto por Krenak e usado nesse texto.

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