Eduardo Pintarelli e Juliana de Mello Moraes

NARRATIVAS DA COLONIZAÇÃO E OS POVOS MESOAMERICANOS: UMA ANÁLISE DO LIVRO DIDÁTICO PARA O ENSINO FUNDAMENTAL

  

Esta pesquisa analisa o livro didático do sétimo ano da coleção Historiar, da editora Saraiva, publicada em 2018, no intuito de atentar para as representações dos povos indígenas, em especial aqueles da Mesoamérica, nesse material. Dentre os fatores que justificam essa investigação se destacam a relevância no cenário educacional da fonte, ou seja, do livro didático, e a obrigatoriedade do estudo dos povos indígenas e suas culturas de acordo com a Lei 11.645/2008. Embora a legislação indique a cultura nacional e a formação da sociedade brasileira, considera-se que o estudo de diferentes sociedades nativas e suas alterações ao longo do tempo contribui para a valorização dos grupos indígenas em qualquer localidade, bem como favorece a compreensão crítica das mutações e da sua História, contribuindo para eliminar a invisibilidade desses povos. 

 

Resultado de disputas e demandas de diversos movimentos sociais, a inclusão da obrigatoriedade do estudo dos povos indígenas na legislação educacional e as representações inscritas no material didático contribuem para a formação e difusão de identidades (CHARTIER, 2002, p. 23). Entretanto, essas representações devem ser problematizadas, pois são resultado das hierarquias, dos conflitos e das divisões sociais tanto dos seus produtores quanto daqueles que se apropriam delas. Desse modo, as representações inscritas no livro didático permitem avaliar como os povos indígenas são abordados atualmente no ensino de História.  

 

O livro didático é reconhecido como importante documento histórico e cultural, possuindo múltiplas facetas, incluindo as dimensões escolares, pedagógicas e mercadológicas (BITTENCOURT, 2018, p. 247-248). Paralelamente, esse material expressa os vínculos entre Estado, universidade e ensino fundamental (FONSECA, 2003, p. 50). A complexidade dos livros didáticos permite avaliar ainda como as propostas curriculares e a historiografia se manifestam nas representações inscritas na obra, embora seja relevante destacar a importância do trabalho docente na utilização desse material. Para fazer a análise focamos nos capítulos que contemplam os povos indígenas, especialmente aqueles oriundos da Mesoamérica, sendo constatada a sua presença nos capítulos 7 e 8. Assim, verifica-se que no contexto geral da obra, a abordagem não prioriza os povos nativos, mas sim a sua relação com os europeus.  

 

No capítulo 7 do livro didático, intitulado “Conquista da América”, encontra-se uma apresentação dos grupos indígenas que habitavam a Mesoamérica, a região dos Andes e a costa sul-americana do Pacífico até a colonização. No entanto, os três principais grupos (Maias, Astecas e Incas) são apresentados num único subitem: “Maias, incas e astecas” (COTRIM; RODRIGUES. 2018, p. 111), de forma sintética, conjunta e objetiva. Como salienta Natalino dos Santos, também nas disciplinas universitárias, responsáveis pela formação dos professores, o foco se concentra nos “famosos maias, astecas e incas” (SANTOS, 2014, p. 16). Desse modo, o livro didático acaba por reproduzir os temas e fronteiras do que é contemplado durante os cursos de licenciatura.  

 

No livro didático, os grupos indígenas mesoamericanos são referidos quase sempre no plural, como sujeitos dos mesmos objetos, como se representassem o mais do mesmo: “Nessas três civilizações americanas, predominava a economia agrícola”; “Maias, astecas e incas produziram conhecimentos em vários campos”; “Essas sociedades fundaram e desenvolveram importantes centros urbanos e comerciais”. Estas generalizações fortalecem a ideia de uma categoria universal para os povos originários e enfraquecem as marcações de diversidade instituídas ao longo da história pré-colombiana destes grupos, e que, apesar das dinâmicas de transformação ocorridas no tempo, conforme indica Eduardo Natalino dos Santos, permaneceram durante o processo de colonização e continuam existindo na atualidade: um fator gerador de identidades étnicas (SANTOS, 2016). 

 

Ainda no capítulo 7, um outro subitem chama a atenção: “Guerras e doenças”. Nele, os autores apontam para a superioridade bélica e estratégias de extermínio da parte dos europeus, e a inferioridade tecnológica e bélica dos grupos indígenas: “Os conquistadores europeus tinham equipamento militar mais eficiente do que o dos povos americanos. Utilizavam cavalos, armas de aço (...) e de fogo (...). Essas armas eram desconhecidas pelos indígenas (...)” (COTRIM; RODRIGUES, 2018, p. 114). A tendência dos capítulos 7 e 8, e que se apresenta em todo o conjunto do material didático, é priorizar a ação dos colonizadores, enquanto aborda os grupos indígenas como um dos objetos do seu domínio e da sua violência. Essa abordagem se afasta da historiografia, pois, como destaca Steve Stern, é fundamental perceber as relações entre colonizados e colonizadores como uma interação entre ambas as partes: “As relações dos índios frustraram as expectativas europeias, mantiveram ativas as agitações políticas ou iniciaram outras, agregaram novos temas à agenda do debate político e à decisão colonial” (STERN, 2006, p. 44). Stern acredita que as ações dos grupos indígenas colonizados não foram insignificantes no processo de colonização, mas sim produtoras dos sentidos da colonização ao longo do tempo: “Em suma, os povos ameríndios envolveram-se plenamente na luta para definir o que significava a conquista e o que ela poderia acabar significando” (STERN, 2006, p. 44). 

 

No capítulo seguinte (capítulo 8), denominado “Colonização espanhola na América” (COTRIM; RODRIGUES, 2018, p. 120 – 133), inicia questionando as diferenças entre conquistar e colonizar, e desse modo problematiza a ação dos europeus no período. O material didático incita os estudantes a desnaturalizar as narrativas sobre esse contexto, permitindo a construção de outras perspectivas sobre esse fato (COTRIM; RODRIGUES, 2018, p. 120).   

 

A história e a diversidade entre os povos indígenas são abordadas no livro didático, pois ele apresenta diferenças já existentes no momento da chegada dos europeus, evidenciando a participação de outros povos ameríndios rivais nas derrotas dos impérios Asteca e Inca (COTRIM; RODRIGUES, 2018, p. 124), nos quais estas diferenças estavam bem definidas. Para o historiador Miguel Leon-Portilla, é acentuada a diferença e as divergências entre os grupos humanos étnicos e linguísticos que ocupavam a Mesoamérica antes da colonização espanhola (LEÓN-PORTILLA, 2012). 

 

O capítulo 8, no entanto, não aprofunda a reflexão sobre algumas características da vida dos povos mesoamericanos, como a religiosidade, os saberes culturais e a diversidade cultural e étnica, que por sua vez são abordados pela historiografia de León-Portilla (LEÓN-PORTILLA, 2012). O livro didático apresenta uma ideia geral, indicando que havia diferentes grupos, com diferentes culturas e diferentes interesses (COTRIM, 2018, p. 126). Mesmo assim, não viabiliza ao leitor a dimensão desta diversidade, que em si foi se transformando e reconfigurando no tempo. O historiador Steve Stern indica que todo o quadro de forças políticas que já existia entre os nativos foi estrategicamente manipulado pelos espanhóis em seu favor, a fim de terem êxito em suas dominações. Para ele, os espanhóis souberam estimular as rivalidades já existentes entre os grupos indígenas e se valer da força dos grupos combatentes. Stern reforça a ideia de que alianças e guerras já aconteciam entre os diferentes povos e civilizações nativas mesoamericanas (STERN, 2006). 

 

Assim também as conexões atlânticas do império espanhol, em especial entre América e Espanha, não foram sinalizadas ao longo do capítulo. É como se o capítulo começasse, permanecesse e terminasse na América, sem muitas conexões com o que acontecia sincronicamente na Espanha. Existe uma ausência desta dimensão no capítulo. O historiador Serge Gruzinski (GRUZINSKI, 2003), escreve que a fusão de elementos culturais entre os povos que passaram a interagir a partir da colonização espanhola da América foi grande. É preciso pensar na interação entre a Monarquia espanhola, nas suas formas de governo na América e também nas mudanças e permanências das culturas dos povos, incluindo indígenas e africanos, que estiveram presentes em todo o processo (GRUZINSKI, 2003). As dinâmicas inerentes às colonizações afetaram todos os grupos, suscitando transformações nos envolvidos naquele contexto. As transformações originaram algo novo na América. Essa perspectiva não é contemplada no capítulo, as conexões e as múltiplas mudanças nos povos envolvidos não se manifestam na narrativa do material didático.  

 

Além disso, o referido livro didático, de forma sutil e talvez despretensiosa, acaba segregando as culturas indígena e europeia (espanhola), apresentando-as minimamente e de forma sempre específica (apartada), quando a realidade da vida do povo mesoamericano neste período, como mostra o historiador Serge Gruzinski, era um emaranhado cultural muito diversificado (GRUZINSKI, 2003). Portanto, o material não propicia ao estudante a possibilidade de entrever essas conexões.  

 

No que diz respeito a esta diversidade de relações étnicas no contexto da colonização da Mesoamérica, há uma aproximação, ainda que bastante sintética, do material didático com a historiografia. Assim como León-Portilla (LEÓN-PORTILLA, 2012), Stern busca enfatizar as diferenças (especificidades) e a não universalidade dos povos americanos nativos – reunidos pelos colonizadores na categoria de “índios” (STERN, 2006). Entretanto, há uma aproximação relativa da historiografia com o material didático neste aspecto: o capítulo pretende abranger os dois pontos de vista. O enfoque dado pelo capítulo é regional, ou seja, não muito ligado ao que acontecia no leste do Atlântico. Mas existe toda a narrativa das ações dos europeus e do mundo que eles encontraram no início do processo de colonização. E também há a narrativa das ações indígenas e das suas partes na relação com os europeus (COTRIM; RODRIGUES, 2018, p. 127 - 129). Contudo, na escrita do material didático o personagem do indígena é muito mais objeto do que sujeito, e o personagem do europeu, por sua vez, é muito mais protagonista que coadjuvante ou antagonista. 

 

Este conjunto de ações e de relações é um espaço de muitas problemáticas no campo da História. Segundo o historiador Leslie Bethel, após a chegada e permanência dos colonizadores espanhóis na Mesoamérica, a população nativa diminuiu muito, devido à violência que lhe era infligida, ao trabalho excessivo e exploratório, ao processo de escravização, à fome e restrição de alimentos e às doenças que se propagaram, trazidas pelos europeus, para as quais os nativos não possuíam imunidade. Bethel evidencia a diminuição drástica no número da população nativa, e o caráter genocida da colonização. Ele apresenta ainda as questões referentes aos grupos políticos nativos, que tinham sua participação ativa na sociedade (BETHEL, 1999). 

 

Neste aspecto, há uma aproximação e também um distanciamento da historiografia em relação ao material didático. Há uma aproximação no sentido de que o livro didático fala muito em violência contra indígenas e também expõe a superioridade bélica, as armas biológicas e o uso de estratégias militares por parte dos grupos europeus: “Os habitantes da cidade resistiram por meses, mas foram atingidos por uma epidemia de varíola. As doenças, a superioridade das armas e as alianças com povos inimigos dos astecas contribuíram para a vitória dos espanhóis em 1520” (COTRIM, RODRIGUES, 2018, p. 123). Mas o texto é obscuro quando se refere à participação política ativa dos indígenas na sociedade, uma participação política efetiva que como reitera o professor historiador Eduardo Natalino, está presente até hoje nas sociedades da América (SANTOS, 2016).  

 

Além dos indígenas, outros grupos sociais que atuaram no processo de colonização também foram vítimas de uma ocultação nas narrativas e representações deste fato histórico. Para o historiador Alberto Baena Zapatero, a historiografia falhou ou se omitiu nas pesquisas durante muito tempo, tornando invisíveis certos personagens que na verdade exerciam papel decisivo na vida social do povo da Nova Hispânia (ZAPATERO, 2017). 

 

Desta forma, Alberto Zapatero dá visibilidade ao papel social da mulher, e da importância da atuação feminina na sociedade da América Espanhola, desde os tempos da colonização. Assim, é possível abordar e compreender o conjunto da sociedade em questão a partir da imagem das mulheres da corte. Ele demonstra que as mulheres da corte estavam presentes nos eventos oficiais de caráter político e religioso. Sabiam de todo o funcionamento dos processos jurídicos das cortes, de todos os enlaces do poder. Elas também exerciam suas influências e eram influenciadas, eram sujeitos e objetos do poder. Não eram todas as mulheres. Eram as mulheres da corte, podendo ser tanto europeias quanto nativas. Mas se trata de um grupo específico de mulheres.  

 

No entanto, a partir da análise do capítulo 8 “Colonização espanhola na América” (COTRIM; RODRIGUES, 2018, p. 120 – 133) podem ser considerados pontos positivos do livro didático: a sistematização de temas, muito bem elencada; a sintetização e articulação de cada tema e cada ideia no texto; a linguagem acessível aos estudantes do Ensino Fundamental, estruturado numa forma de fácil apreensão e assimilação; a logística do texto, que possibilita a expansão de temas bastante específicos, estimula a pesquisa e desenvolve a curiosidade dos estudantes; a praticidade e aplicabilidade do material no contexto do sistema de educação básica vigente no país.  

 

Entretanto, são tendências do livro didático pouco relevantes para a formação de consciência histórica sobre a colonização da América: a generalização de certas categorias para todas as regiões (negros, brancos, índios, mulheres) (COTRIM; RODRIGUES, 2018, p. 126); o grande apartamento do contexto americano em relação ao contexto europeu; o frágil enfoque na temática das interações culturais e de saberes entre os grupos. 

 

Por sua vez, as atividades que estão propostas no capítulo (COTRIM; RODRIGUES, 2018, p. 132 – 133) estão de acordo com o conteúdo do capítulo, pois mesmo aquelas que não encontram correspondência direta no texto encontram correspondências temáticas que podem ser desenvolvidas com uma breve pesquisa. Estas ações didáticas podem levar a um bom desempenho na formação dos conhecimentos históricos. Acredita-se no grande potencial didático de, por exemplo, trazer presente um texto sobre o “Dia dos Mortos” (COTRM; RODRIGUES, 2018, p. 132) para o trabalho de uma atividade, uma vez que isto ajuda ainda mais a ampliar as ideias acerca das interações e integrações culturais e ainda faz uma conexão com o campo da Micro História e História da América Indígena. 

 

Assim como as leituras complementares, paralelas ao corpo do texto principal do livro didático (COTRIM; RODRIGUES, 2018, p. 130), as imagens são preciosos instrumentos didáticos para a História (PESAVENTO, 2004). Cada imagem presente no corpo do texto do capítulo é bem significativa e contextualizada, e em muito contribui para produção de conhecimento histórico. Poderia haver ainda mais imagens, pois elas contribuem no processo e na ação da imaginação. As imagens usadas no capítulo são também uma forma de relacionar aquilo que se está imaginando subjetivamente com uma outra visão sobre o mesmo objeto: imagina-se um quadro histórico. Depois se vê a uma imagem da região deste contexto (ainda que a imagem seja de outra temporalidade). É claro que existe o risco de anacronismo, mas para além deste risco existe a grande oportunidade de perceber as permanências: De onde vem aquilo? Como e por que algo mudou? Como e por que algo permaneceu? E a leitura das imagens é uma forma de conhecer as representações e ainda uma possibilidade para entrar no debate teórico das diferentes formas de se ver o mesmo processo, os diferentes pontos de vista coexistentes, além de serem grande representação da cultura material (PESAVENTO, 2004), imagens, quando contextualizadas, trazem muita cultura e erudição para os leitores. 

 

A partir desta análise do livro didático para o ensino fundamental percebe-se que o docente precisa estar muito consciente acerca do material com que trabalha, das suas opções e recortes teóricos e metodológicos a fim de orientar seus objetivos didáticos. Assim, os recortes e opções dos historiadores professores são fundamentais, pois contribuem sensivelmente para as representações que a sociedade forma sobre estes grupos. Contudo, ainda persistem ideias bastantes problemáticas convencionadas no senso comum, como a da passividade dos indígenas e mesmo o pensamento de que “indígena é coisa do passado” (SANTOS, 2014).  

 

São muito válidas a relação, a conexão, a interposição e a contraposição do material didático com a bibliografia acadêmica especializada - historiografia, e isto pode ser ainda mais praticado nos ambientes de ensino, pois há uma mútua contribuição é necessária conexão entre esses diferentes aspectos do ensino da História. 

 

Referências biográficas 

 

Eduardo Pintarelli, acadêmico da Licenciatura em História da FURB – Universidade Regional de Blumenau. 

 

Prof.ª. Dra. Juliana de Mello Moraes, professora do Departamento de História Geografia e do Programa de Pós-Graduação em Educação da FURB – Universidade Regional de Blumenau.     

 

Referências bibliográficas 

 

ABREU, Martha; MATTOS, Hebe. Em torno das "Diretrizes curriculares nacionais para a educação das relações étnico-raciais e para o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana": uma conversa com historiadores. Estudos históricos. (Rio J.), Rio de Janeiro, v. 21, n. 41, p. 5-20, junho 2008. 

 

ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado Absolutista. São Paulo: Editora Unesp, 2016. p. 58 a 83. 

 

BETHEL, Leslie. História da América Latina: A América Latina Colonial. Volume 2. Tradução: Mary Amazonas Leite de Barros e Magda Lopes. – São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, Brasília, DF. Fundação Alexandre de Gusmão, 1999. p. 23 a 55. 

 

BITTENCOURT, Circe M. Ensino de História. Fundamentos e Métodos. São Paulo: Editora Cortez, 2018. 

 

CHARTIER, Roger. A história cultural entre práticas e representações. Lisboa: Difel, 2002. 

 

COTRIM, Gilberto; RODRIGUES, Jaime. Colonização espanhola na América. In: COTRIM, Gilberto; RODRIGUES, Jaime. Historiar, 7º ano: ensino fundamental, anos finais. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.

 

FONSECA, S. Didática e prática de ensino de história: experiências, reflexões e aprendizados. São Paulo: Papirus, 2003.  

 

GRUZINSKI, Serge. “O historiador, o macaco e a centaura: a ‘história cultural’ no novo milênio”, In: Estudos Avançados, v. 17, n. 49, São Paulo: USP, setembro/dezembro, 2003, pp. 321-342. 

 

LEÓN-PORTILLA, Miguel. A Mesoamérica antes de 1519. In: BETHELL, Leslie. História da América Latina. América Latina Colonial. vol. 1. São Paulo: Edusp, 2012. p. 27. 

 

PESAVENTO, Sandra Jatahy. História e História Cultural. – 2. Ed. – Belo Horizonte: Autêntica, 2004. 

 

SANTOS, Eduardo Natalino. (2009). Além do eterno retorno: uma introdução às concepções de tempo dos indígenas da Mesoamérica. Revista USP, (81), 82-93. 

 

________"MAYAS: Revelação de um tempo sem fim". [S. l.: s. n.], 2016. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=RRIkZbrTQpY&t=68s. Acesso em: 27 abr. 2021. 

 

________Da importância de pesquisarmos história dos povos indígenas nas universidades públicas e de a ensinarmos no ensino médio e fundamental. Mneme-Revista de Humanidades, v. 15, n. 35, p. 9-20, 2014. 

 

SCOTT, Ridley. 1492 - A conquista do paraíso. Produção: Mimi Polk Gitlin, Alain Goldman. Roteiro: Roselyne Bosch. Gravação de produtoras Gaumont Film Company, Légende Enterprises, France 2, Due West, CYRK Films. Espanha: Paramount Pictures, Pathé, 1992. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ip9H_2MjWJY. Acesso em: 26 abr. 2021.

 

STERN, Steve. Paradigmas da Conquista: História, Historiografia e Política. In. BONILLA, Heraclio. Os conquistados: 1492, e a população indígena das Américas. Tradução: Magda Lopes. São Paulo: Hucitec, 2006. 426 p. p. 27 a 64. 

 

ZAPATERO, Alberto Baena. As Vice-Rainhas e o exercício do poder na Nova Espanha (séculos XVI e XVII). Revista de História, São Paulo, n. 176, 2017.  


20 comentários:

  1. Olá Eduardo e Juliana, achei o texto muito pertinente e as colocações são objetivas. Considerando que a BNCC, juntamente com a Lei 11.645/08 trazem para o ensino básico a temática indígena, mas que, em uma contramão a produção dos materiais didáticos ainda não acompanham uma discussão atualizada, ao contrário, permanecem num estereótipo e insistem em não abordar a diversidade cultural desses povos, como o professor do ensino básico pode contornar essa deficiência?

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    1. Obrigado pela sua pergunta, Cláudia.
      O professor pode complementar o planejamento das aulas com outros materiais para além do livro didático. Sugerimos alguns portais e bibliografias, tais como:
      REDE MEMÓRIA - Rede de Memória Virtual Brasileira. Disponível em: http://bndigital.bn.gov.br/dossies/rede-da-memoria-virtual-brasileira/alteridades/povos-indigenas-no-brasil/.
      PROGRAMA POVOS INDÍGENASNO BRASIL – ISA (Instituto Socioambiental). Disponível em: https://pib.socioambiental.org/pt/P%C3%A1gina_principal.
      CEMA – Centro de Estudos Mesoamericanos e Andinos da USP (Universidade de São Paulo). Disponível em: http://paineira.usp.br/cema/index.php/pt/.
      SANTOS, Eduardo Natalino dos. Fontes históricas nativas da Mesoamérica e Andes. Conjuntos e problemas de entendimento e interpretação. XXIV Simpósio Nacional de História–História e multidisciplinaridade: territórios e deslocamentos, 2007.
      CUNHA, Manuela Carneiro da. (Org.). História dos índios no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

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  2. Olá gostei muito do texto. Traz uma visão decolonial. Gostaria de saber se vocês conhecem materiais sobre os povos mesoaméricos produzidos por indígenas?
    Ou outros materiais como vídeos, documentários. Obrigada

    Paola Rezende Schettert

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    1. Estimada Paola. Agradecemos seu interesse pelo nosso trabalho.
      Infelizmente, boa parte dos acervos documentais dos povos mesoamericanos foi queimada durante a invasão européia. Entretanto, a arquitetura e outros elementos da cultura material foram preservados. Uma das fontes produzidas por esses povos que pode ser uma boa alternativa para trabalhar em sala-de-aula consiste nos códices. Essas fontes, produzidas pelos mesoamericanos, podem ser conhecidas e estudadas por meio de recursos digitais. Abaixo indicamos algumas referências bibliográficas, websites confiáveis e um vídeo que podem contribuir com os estudos sobre os povos mesoamericanos.
      BAUDOT, Georges; TODOROV, Tzevetan. Relatos Astecas da Conquista. São Paulo: Editora UNESP, 2019.
      Códices mexicanos. Materiais elaborados pelo CEMA – Centro de Estudos Mesoamericanos e Andinos da USP (Universidade de São Paulo). Disponível em: http://paineira.usp.br/cema/index.php/pt/textos/2-uncategorised/165-galeria-exposicao.
      TOSCANO, Alejandra Moreno; GUADARRAMA, Baltazar Brito. CÓDICE DE LA CRUZ-BADIANO. Biblioteca Nacional de Antropología e Historia, INAH. Córdoba 45, colonia Roma, 06700, Ciudad de México. 2020.
      LEÓN-PORTILLA, Miguel. Las inscripciones y los códices mesoamericanos en una historia documental de México. In: LEÓN-PORTILLA, Miguel. Historia documental de México 1. Ciudad de México: Universidad Nacional Autónoma de México - Instituto de Investigaciones Históricas, 2013. p. 33-75.
      El Códice Azcatitlan: una mirada a un libro de historia. Academia Mexicana de Ciencias. Disponível em: https://www.amc.edu.mx/revistaciencia/index.php/ediciones-anteriores/ediciones-anteriores/15-vol-57-num-4-octubre-diciembre-2006/codices/39-el-codice-azcatitlan-una-mirada-a-un-libro-de-historia.
      Códice Mendoza; la crónica más completa de México-Tenochtitlan. Disponível em: https://www.gob.mx/cultura/es/articulos/codice-mendoza-la-cronica-mas-completa-de-mexico-tenochtitlan?idiom=es.
      SANTOS, Eduardo Natalino. "MAYAS: Revelação de um tempo sem fim". [S. l.: s. n.], 2016. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=RRIkZbrTQpY&t=68s. Acesso em: 27 abr. 2021.

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  3. Boa Noite, Eduardo Pintarelli e Juliana de Mello Moraes. Parabéns pelo ótimo trabalho, texto e temática muito interessante. Minha pergunta é a seguinte: Que tipos de materiais didáticos podem ser utilizados, para além do livro didático, no ensino sobre os povos da Mesoamerica ao longo da educação básica, de forma a não perpetuar representações perjorativas desses agentes históricos?

    Paloma Fernanda Silva Barros

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    1. Estimada Paloma, obrigado por suas considerações acerca do nosso texto.
      O professor pode partir do próprio livro didático e suas narrativas para problematizar as representações dos sujeitos históricos, e contrapô-las a outras referências com outros pontos de vista. Para tanto, o professor pode realizar pesquisas em plataformas digitais, priorizando a credibilidade e qualidade historiográficas dessas fontes. Uma boa alternativa consiste em utilizar websites institucionais ligados a Grupos de Estudos universitários, bibliotecas, museus, arquivos públicos e similares. Abaixo listamos algumas possibilidades:
      BAUDOT, Georges; TODOROV, Tzevetan. Relatos Astecas da Conquista. São Paulo: Editora UNESP, 2019.
      Códices mexicanos. Materiais elaborados pelo CEMA – Centro de Estudos Mesoamericanos e Andinos da USP (Universidade de São Paulo). Disponível em: http://paineira.usp.br/cema/index.php/pt/textos/2-uncategorised/165-galeria-exposicao.
      TOSCANO, Alejandra Moreno; GUADARRAMA, Baltazar Brito. CÓDICE DE LA CRUZ-BADIANO. Biblioteca Nacional de Antropología e Historia, INAH. Córdoba 45, colonia Roma, 06700, Ciudad de México. 2020.
      LEÓN-PORTILLA, Miguel. Las inscripciones y los códices mesoamericanos en una historia documental de México. In: LEÓN-PORTILLA, Miguel. Historia documental de México 1. Ciudad de México: Universidad Nacional Autónoma de México - Instituto de Investigaciones Históricas, 2013. p. 33-75.
      El Códice Azcatitlan: una mirada a un libro de historia. Academia Mexicana de Ciencias. Disponível em: https://www.amc.edu.mx/revistaciencia/index.php/ediciones-anteriores/ediciones-anteriores/15-vol-57-num-4-octubre-diciembre-2006/codices/39-el-codice-azcatitlan-una-mirada-a-un-libro-de-historia.
      Códice Mendoza; la crónica más completa de México-Tenochtitlan. Disponível em: https://www.gob.mx/cultura/es/articulos/codice-mendoza-la-cronica-mas-completa-de-mexico-tenochtitlan?idiom=es.

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  4. Parabéns pelo texto.
    Quanto ao material disponibilizado nos livros didáticos, qual a principal crítica a forma como esse tema é abordado nessas publicações didáticas?

    At.te

    Cleberson Vieira de Araújo

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    1. Muito obrigado pela sua pergunta Cleberson.
      “O livro didático é reconhecido como importante documento histórico e cultural, possuindo múltiplas facetas, incluindo as dimensões escolares, pedagógicas e mercadológicas (BITTENCOURT, 2018, p. 247-248). Paralelamente, esse material expressa os vínculos entre Estado, universidade e ensino fundamental (FONSECA, 2003, p. 50). A complexidade dos livros didáticos permite avaliar ainda como as propostas curriculares e a historiografia se manifestam nas representações inscritas na obra, embora seja relevante destacar a importância do trabalho docente na utilização desse material”. Dessa forma, não se pode restringir o livro didático a um único objetivo ou a uma perspectiva unívoca. Existe uma diversidade de narrativas históricas e representações neste material. Contudo, no material que assumimos como fonte para o artigo, “o personagem do indígena é muito mais objeto do que sujeito, e o personagem do europeu, por sua vez, é muito mais protagonista que coadjuvante ou antagonista”.

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  5. Gostei muito das problematizações expostas no texto sobre o papel da mulher e da religiosidade nas civilizações da mesoamerica, temos conhecimento que muitos escritos sobre essas civilizações foram destruídos pelos espanhóis na jornada de conquista.
    Gostaria de saber por que os livros didáticos de ensino fundamental e médio não se aprofundam nesses assuntos?

    Alison Rodrigues Corrêa


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    1. Obrigado pela sua pergunta e consideração Alison.
      “(...) é possível abordar e compreender o conjunto da sociedade em questão a partir da imagem das mulheres da corte. Ele demonstra que as mulheres da corte estavam presentes nos eventos oficiais de caráter político e religioso. Sabiam de todo o funcionamento dos processos jurídicos das cortes, de todos os enlaces do poder. Elas também exerciam suas influências e eram influenciadas, eram sujeitos e objetos do poder. Não eram todas as mulheres. Eram as mulheres da corte, podendo ser tanto europeias quanto nativas. Mas se trata de um grupo específico de mulheres”.
      Embora a historiografia tenha avançado muito nos estudos de gênero, os materiais didáticos, tendo em vista as disputas sociais e políticas, não contempla ainda estas representações tão efetivamente. Não devemos negligenciar o fato de que a produção dos materiais didáticos constitui um campo de disputa no qual se fazem presentes diversos interesses.

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  6. Olá, primeiramente gostaria de parabenizar pelo seu texto.
    Alguns temas levantados são abordados na minha dissertação de mestrado e gostaria de sugerir o documento "Paraiso Destruido de Bartolomé de Las Casas". Uma obra completa e traduzida que descreve, em uma narrativa simples, as barbaries do processo de invasão da América.
    Gostaria também de perguntar sobre a possibilidade da eloboração de materiais didáticos a partir da perspectiva decolonial, fugindo do eurocentrismo enraizado na grande maioria dos materiais didáticos.

    Obrigada,
    Gabrielle Legnaghi de Almeida

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    1. Obrigado pela sua consideração e indicação bibliográfica, Gabrielle.
      Sobre o eurocentrismo que se percebe na escrita do material didático que abordamos, destacamos as generalizações que se constituíram ao longo da história originadas nas narrativas europeias do processo de colonização da América. “As generalizações fortalecem a ideia de uma categoria universal para os povos originários e enfraquecem as marcações de diversidade instituídas ao longo da história pré-colombiana destes grupos, e que, apesar das dinâmicas de transformação ocorridas no tempo, conforme indica Eduardo Natalino dos Santos, permaneceram durante o processo de colonização e continuam existindo na atualidade: um fator gerador de identidades étnicas (SANTOS, 2016)”.
      Como alternativa a estas narrativas, até para criar contrapontos e evidenciar contradições, sugerimos a utilização de alguns materiais historiográficos, como:
      BAUDOT, Georges; TODOROV, Tzevetan. Relatos Astecas da Conquista. São Paulo: Editora UNESP, 2019.
      Códices mexicanos. Materiais elaborados pelo CEMA – Centro de Estudos Mesoamericanos e Andinos da USP (Universidade de São Paulo). Disponível em: http://paineira.usp.br/cema/index.php/pt/textos/2-uncategorised/165-galeria-exposicao.
      TOSCANO, Alejandra Moreno; GUADARRAMA, Baltazar Brito. CÓDICE DE LA CRUZ-BADIANO. Biblioteca Nacional de Antropología e Historia, INAH. Córdoba 45, colonia Roma, 06700, Ciudad de México. 2020.
      LEÓN-PORTILLA, Miguel. Las inscripciones y los códices mesoamericanos en una historia documental de México. In: LEÓN-PORTILLA, Miguel. Historia documental de México 1. Ciudad de México: Universidad Nacional Autónoma de México - Instituto de Investigaciones Históricas, 2013. p. 33-75.
      El Códice Azcatitlan: una mirada a un libro de historia. Academia Mexicana de Ciencias. Disponível em: https://www.amc.edu.mx/revistaciencia/index.php/ediciones-anteriores/ediciones-anteriores/15-vol-57-num-4-octubre-diciembre-2006/codices/39-el-codice-azcatitlan-una-mirada-a-un-libro-de-historia.
      Códice Mendoza; la crónica más completa de México-Tenochtitlan. Disponível em: https://www.gob.mx/cultura/es/articulos/codice-mendoza-la-cronica-mas-completa-de-mexico-tenochtitlan?idiom=es.
      SANTOS, Eduardo Natalino. "MAYAS: Revelação de um tempo sem fim". [S. l.: s. n.], 2016. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=RRIkZbrTQpY&t=68s. Acesso em: 27 abr. 2021.

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  7. Olá Eduardo e Juliana, Parabéns pelo excelente texto!
    Pois o mesmo revela um grande problema do cotidiano do docente, que é como alguns livros didáticos contam os eventos históricos, passando uma outra visão para os alunos e deixando de lado o principal foco do acontecimento. Pelo motivo de o material didático ter uma contraposição com a bibliografia acadêmica especializada em alguns pontos, mas que em outras partes o livro didático contém fatos que são estudados somente durante a graduação. Por essa razão, você acha viavél a utilização desse material como fonte de pesquisa e apoio para um aluno da graduação? Lucas Olivier Silva de Araujo

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    1. Estimado Lucas. Agradecemos sua questão.
      Sem dúvida, os livros didáticos encerram em si a complexidade inerente à produção editorial e envolve diversos agentes e interesses. Essas características, inclusive aquelas que você mencionou em sua questão, são relevantes para problematizar esse material tanto em sala-de-aula quanto numa pesquisa acadêmica. A historiografia demonstra a validade dessa fonte para a pesquisa histórica, proporcionando a elaboração de múltiplas questões e problemas. Sugerimos algumas leituras sobre a relevância do livro didático como fonte para a História:
      MUNAKATA, Kazumi. O livro didático: alguns temas de pesquisa. Revista Brasileira de História da Educação, 12(3[30]), 2013, p. 179-197. Disponível em: ttp://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/rbhe/article/view/38817 Acesso em 13 de jun. 2020.
      MUNAKATA, Kazumi. O livro didático como indício da cultura escolar. Revista História da Educação. vol. 20, nº 50, 2016. p. 119-138.

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  8. Compreender de fato quem eram os povos mesoamericanos faz-se necessário principalmente agora com a BNCC que coloca como foco as habilidades a serem atingidas , para que possamos mudar as representações dadas até então nos livros didáticos por meio de textos e imagens ( estereótipos)

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    1. Com certeza Andreia, é um processo muito importante que os historiadores e historiadoras precisam considerar para o Ensino de História.

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  9. Parabéns pelo importante texto! Muito rico!

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