Mariana Ponciano Ribeiro Rennó e Nataly Souza Silva

TEMÁTICAS SENSÍVEIS E O ENSINO DE HISTÓRIA COMO ESTRATÉGIA DE DESCONSTRUÇÃO DE ESTERIÓTIPOS EM EXPERIÊNCIA COM A REGÊNCIA: “INDÍGENAS NO BRASIL - DIVERSIDADE E ATUALIDADE”

 

O presente texto tem por finalidade socializar a experiência do Estágio Supervisionado Obrigatório do ano de 2019, especificando sobre o desenvolvimento de uma regência aplicada pelos alunos do curso de História da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), campus Jacarezinho/PR. O trabalho desenvolveu-se abordando a temática dos indígenas no Brasil sendo aplicado na turma do 7º ano C do Ensino Fundamental no Colégio Estadual Rui Barbosa de Jacarezinho/PR. Visando a obtenção de melhores resultados com a regência, utilizou-se de fontes históricas algumas revistas e jornais e principalmente parte da carta de Pero Vaz de Caminha, além disso, como instrumento metodológico, recorremos a utilização de ferramentas tecnológicas e remetemos o conteúdo para a história local, com o intuito de buscar uma aproximação entre o aluno e sua identidade como sujeito histórico. A seguir, será demonstrado a importância da temática, e como se desenvolveu a regência para que os objetivos, já expostos, fossem alcançados. Por fim, apresentaremos os resultados colhidos com a regência, tanto os positivos quanto as dificuldades encontradas. 

 

Antes de adentrarmos a nossa experiência com a regência, é necessário entender a importância da temática escolhida. Há urgência para a desmistificação de conceitos pejorativos e preconceituosos sobre os povos indígenas, que muitas vezes são perpetuados pela nossa sociedade e infelizmente propagados pelas instituições escolares, legitimando-os. Um exemplo dessa problemática são as atividades desenvolvidas acerca do indígena única e exclusivamente no dia 19 de abril (“Dia do Índio”), ocorrendo sem a devida criticidade, no qual acabam reforçando inúmeros estereótipos sobre o indígena, rebaixando sua cultura a meras fantasias sem o devido questionamento de seus significados para determinado povo indígena. Com isso, a nossa justificativa da temática vai de encontro com o grande pensador indígena brasileiro, Ailton Krenak: 

 

“É uma injustiça e um absoluto absurdo que os brasileiros se esqueçam, que apaguem a história da memória e queiram fazer contas sobre quanto custa atender às sociedades indígenas hoje, depois de se ter roubado todo este continente para construir o Brasil.” (KRENAK, 2002.)

 

O pensador indígena reforça a necessária urgência da temática para além de uma dívida histórica, pois remete, também, a importância do não apagamento histórico da memória para a solidificação das muitas histórias do Brasil. Para Ailton Krenak, a memória e identidade são alvos de disputas e conflitos por diferentes grupos políticos, portanto é indispensável a preservação. Em consonância a isso Michael Pollak enuncia:

 

“[...] a memória é um elemento constituinte do sentimento de identidade, tanto individual como coletiva, na medida em que ela é também um fator extremamente importante do sentimento de continuidade e de coerência de uma pessoa ou de um grupo em sua reconstrução de si. [...] a memória e a identidade são valores disputados em conflitos sociais e intergrupais, e particularmente em conflitos que opõem grupos políticos diversos.” (POLLAK, 1992, p. 5).

 

Feito essa colocação, partimos da premissa de que a memória é indispensável para a construção de uma identidade tanto individual, quanto coletiva, e a sua manipulação pode favorecer determinado grupo político, normalmente o grupo político dominante, com caráter eurocêntrico, capitalista, branco, cisheteronormativo e patriarcal, logo distantes das culturas indígenas. 

 

Atualmente, com os diversos ataques as comunidades da terra (indígenas, quilombolas, MST, etc) incentivados pelo governo incompetente e reacionário de Jair Bolsonaro, percebemos o quanto a população brasileira está desconexa e distante do conhecimento sobre os povos indígenas e seus esforços para resistir, existir e proteger nossas florestas e matas, a população brasileira está se afastando do conhecimento de parte significativa de sua própria história, apagando-a. Sobre isso, partilhamos do pensamento de Wittmann: 

 

“No Brasil de hoje se almejam o respeito para com as populações indígenas, a compreensão e o reconhecimento delas como protagonistas, e não apenas vítimas da história.” (WITTMANN, 2015, p. 10.)

 

Já passou da hora da sociedade reconhecer o protagonismo indígena, conhecer as histórias que ao longo desses 520 anos sofreram e sofrem numerosos ataques aliados a tentativas de apagamento. É impreterível conhecer os indígenas como agentes ativos da história, de nossa história. Por tanto, o ensino de história tem função fundamental no alcance ao reconhecimento da memória indígena. A temática acerca dos indígenas tem sua garantia pela lei n. 11.645 de 2008, promulgada durante o Governo de Luís Inácio Lula da Silva, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino obrigatoriedade ao ensino de “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. Essa medida beneficia os esforços de valorização das culturas indígenas. Nessa perspectiva, Wittmann aponta: 

 

“Atualmente, é a diversidade da sociedade brasileira que deve ser conhecida e respeitada, sobre tudo a dos povos indígenas, que apresentam diferenças culturais significativas entre si.” (WITTMANN, 2015, p. 7.)

 

Contudo, para a construção de um currículo escolar pautado em uma perspectiva histórica e cultural dos indígenas, é necessário que a escrita da História escolar valorize a América de forma prévia ao estudo da colonização. Assim, a história da Europa não centralizaria o estudo das demais culturas, e seja possível uma visão holística dos movimentos e acontecimentos históricos, descolonizando o estudo. Segundo Almeida (2010), precisa-se construir novas abordagens sobre a vivência dos povos indígenas no mundo colonial para que consigamos desmantelar os estereótipos atribuídos devido essa relação previamente definida entre o “índio” e o europeu. Diante dessa perspectiva de compreensão e ensino de história sobre os indígena, o objetivo é superar a visão imposta sobre esses de meros coadjuvantes no processo de formação do país alterando o panorama para agentes ativos que tiveram e têm participação direta no processo formativo cultural, econômico, político e social do Brasil e com isso garantir sua existência.

 

Nessa esteira de raciocínio, é destacável que o ambiente escolar permeia tanto rupturas quanto permanências de uma cultura escolar com possibilidade de ser libertadora e também violenta/opressora. Apesar de que as políticas educacionais como a já mencionada lei 11.645/2008 agregaram novos horizontes para as aulas de História, ainda assim é possível verificar lacunas, como por exemplo o silenciamento e a resistência em trabalhar a lei e a insistência, em manter o estudo a partir da “história dos vencedores” ao invés de alternar fugindo da perspectiva eurocêntrica para a dita “história dos vencidos”.

 

Em nossa regência propomos uma ruptura entre a memória que é famigerada pela tradição amparada ao Mito das Três Raças projetando outras narrativas, para que o ângulo eurocêntrico não prepondere como o núcleo dos ocorridos políticos e sociais de nossa sociedade. Pois, é preciso ir além dos currículos com conteúdo meramente eurocêntrico, pois é preciso conhecer e principalmente reconhecer a história dos nossos povos e suas lutas de sobrevivência para manter suas memórias e identidades vivas. Ademais, para além de intervir na construção de uma memória, buscamos corromper o formato pelo qual se consolida a consciência histórica escolar no que diz respeito aos indígenas. Dito isso, optamos pela aplicação da temática: “Indígenas no Brasil: diversidade e atualidade”.

 

A intervenção teve como objetivo central estimular a compreensão quanto à diversidade étnica dos povos indígenas no território brasileiro e paranaense, partindo de uma perspectiva macro da temática afunilando para o micro, uma vez que a aula é específica sobre o Estado e a região na qual os alunos residem. Além disso, como outro objetivo central da regência encontra-se a proposta de reflexão sobre as posições e/ou papéis que os indígenas ocupam na atualidade, para que fizesse possível a relação do conteúdo com o dia a dia dos alunos - sujeitos ativos do processo histórico.

 

Nesse sentido, a partir desse leque especificam-se os objetivos gerais supracitados, buscando também: a) ressaltar a diversidade étnica indígena brasileira; b) apontar olhares precedentes e atuais sobre a representação dos indígenas; c) desconstruir estereótipos carregados de preconceitos sobre os indígenas; d) enfatizar sobre o respeito e a valorização da diversidade. 

 

Tendo em vista essa abordagem, a aula se desenrola dividindo-se em dois momentos, denominados de “primeira” aula e “segunda” aula. Para efeito, utilizamos da metodologia expositivo-dialogada com o auxílio de alguns recursos tecnológicos, sendo eles: DataShow e PowerPoint. Ademais, utilizamos como fontes históricas as iconografias visuais e orais, por exemplo: mapas, documentos, vídeos, entrevistas e reportagens.

 

A dinâmica do desenvolvimento da regência, já mencionada, ocorre em dois momentos, sendo o primeiro oportuno para a busca dos conhecimentos prévios dos sobre os indígenas e sua cultura, já propondo um diálogo que visava à quebra de preconceitos, junto à apresentação da diversidade étnica partindo do macro (país), para o micro, onde encontram-se tanto um recorte estadual quanto um recorte regional; por sua vez, na segunda aula, o objetivo foi reforçar o entendimento da atualidade, partindo da pergunta de: “Quais espaços os indígenas ocupam hoje em dia?”, averiguando, com isso, a concretização da quebra de preconceitos já incitada no início da aula. A seguir, será descrito o decorrer de cada uma dessas partes da regência. 

 

A primeira aula inicia-se com uma atividade diagnóstica aplicada à turma, para que resgatássemos seus conhecimentos prévios acerca da temática central. Oportuno se torna dizer que, para auxiliar no resgate prévio dos alunos quanto aos indígenas, utilizou-se como fonte um trecho da Carta Pero Vaz de Caminha. A atividade proposta ocorre junto a leitura da carta que contém uma descrição de um português sobre indígenas em meados de 1500. A partir da leitura, foi proposto que os alunos se expressassem descrevendo os indígenas e sua cultura utilizando da escrita ou do desenho, deixando-os em um ambiente confortável para a realização da atividade. Nitidamente, nesse primeiro momento os resultados obtidos estavam repletos de estereótipos, entretanto, acerca desses resultados exploraremos futuramente mais detalhadamente.

 

Em seguida a atividade preliminar, apresentamos a diversidade étnica indígenas bem como seus troncos linguísticos, enfatizando sobre o contraste numérico observado nos dados populacionais dos mesmos em 1500 em contrapartida com os mesmos dados hoje em dia, provocando nos alunos o questionamento do porquê da ocorrência dessa redução drástica nos números expostos. Posteriormente, seguimos com a aula especificando mais o conteúdo no quesito territorialidade, apresentando as etnias indígenas no Brasil, logo depois os do Paraná, e finalizando esse tópico através de um recorte regional fazendo apontamentos pertinentes sobre os Indígenas Guarani Nhandewa da Terra Indígena de Laranjinha que se localiza na cidade de Santa Amélia no Estado do Paraná.

 

O último recorte regional teve um caráter muito significativo para que os alunos se reconhecessem no conteúdo ministrado em sala de aula, uma vez que se tratava da região na qual eles estão incorporados. Para concretizar essa parte da aula sobre a Terra Indígena de Laranjinha de Santa Amélia/PR foi efetuada uma pesquisa de campo no local e apresentado para os alunos o material colhido, através de imagens e vídeos, o que beneficiou muito o transcorrer da aula, uma vez que os alunos se identificaram, de fato, com as crianças da comunidade. Nessa ocasião foi possível observar a quebra dos primeiros estereótipos constatados na atividade diagnóstica.

 

Diante das considerações apontadas, a aula mantém-se buscando principalmente a desconstrução dos estereótipos apontados pelos alunos. Para essa realização apresentamos vídeos curtos em relação a quebra de preconceito, ensinando a terminologia correta, a título de exemplo, utilizar indígena ao invés de índio. Ademais, entre os vídeos curtos selecionados para esse momento da aula, foi apresentado um no qual os alunos perceberam o quanto a cultura indígena está presente na nossa sociedade, como na alimentação e no vocabulário, por exemplo.

 

É valido destacar ainda, que nesses reconhecimentos dos alunos com o conteúdo ministrado, entre as maiores indagações dos alunos estava presente a tecnologia, a vestimenta e a moradia, pois ouvimos coisas como: “nossa, mas eles tem celular?”; “tem boné que nem eu”; e também “ele usa piercing”, momentos esses no qual percebíamos satisfeitos que a aula estava no itinerário que pretendíamos já que estava alcançando os objetivos específicos e gerais supra referidos. Com isso estávamos auxiliando no processo educacional dos alunos de forma considerável para o desenvolvimento de uma sociedade que valoriza sua diversidade. 

 

Finalizando a última parte da aula, ora chamada de “segunda” aula, desenvolve-se utilizando de recursos como: entrevistas, notícias de revistas e jornais sobre os indígenas na atualidade. Nesse momento o objetivo era demonstrar para os alunos, indígenas em posição de destaque, superando os obstáculos impostos pela falsa “meritocracia” na qual vivemos na sociedade capitalista, e também em contrapartida apresentar reportagens dolosas como de homicídios, suicídios, dificuldades de demarcação de terra e identidade étnica, e invasões de territórios, na qual demonstrava o resultado do alcance desses preconceitos nas vidas dos povos indígenas, buscando a sensibilização e empatia, bem como a conscientização dos alunos nesse ponto.

 

Feito essa última exposição de cunho mais interativo com os alunos a respeito do papel dos indígenas nos dias de hoje, desenvolveu-se a atividade final da aula, para que verificássemos de forma materializada se os objetivos propostos foram realmente alcançados. Nesta atividade, utilizamos de parâmetros a atividade diagnóstica desenvolvida no início da aula, pedindo para que ao lado das primeiras impressões deles sobre os indígenas nos apresentassem o que a aula agregou para seus conhecimentos, ou seja, qual a perspectiva que após a aula eles puderam compreender melhor acerca dos povos indígenas.

 

Como ápice dos resultados obtidos, de modo satisfatoriamente, destacou a observância da identificação como descendente indígena, juntamente com a sua dificuldade, levando em consideração o bruto processo de miscigenação e o apagamento promovido pela cultura dominante. Entretanto, como um resultado emocionalmente inesperado, um aluno que havia omitido essa informação no início da aula, sentiu a vontade de durante a atividade reconhecer-se orgulhosamente como descendente indígena, enaltecendo a figura ancestral de seu avô. Esse acontecimento nos deixou muito felizes e gratas por partilhar esse processo histórico de autoconhecimento e reconhecimento, sobretudo com enaltecimento e respeito.

 

Trabalhar com temáticas de teor sensível envolve algumas dificuldades, mas acompanha também resultados espetaculares que por vezes não prevemos de antemão nos objetivos. Um exemplo dessas dificuldades que encontramos e merece ser destacada é a falta de material didático que aborde o tema com mais criticidade, em específico a questão da memória das etnias indígenas, diversidade e suas vivências atuais. Pois, muitos dos materiais disponibilizados pelo governo, não abordam de forma abrangente essas questões, principalmente sobre a atualidade dos povos, dando a entender que estagnaram no tempo.

 

Ter a possibilidade de trabalhar com essa temática tão delicada de histórias tão vivas e necessárias, foi muito marcante para nós, pois compreendemos também a importância do estágio para a formação do discente em licenciatura, possibilitando a conciliação da teoria e prática desenvolvendo a práxis pedagógica, como aponta Lima e Pimenta (2012, p. 34):

 

“O estágio se torna uma atividade investigativa que a partir da intervenção no cotidiano escolar promove uma reflexão por parte dos alunos, professores e da sociedade”.

 

Por fim, de volta ao tema central do texto, é possível afirmar que abordar questões indígenas no ensino de História é uma estratégia pedagógica fundamental para desenvolver debates acerca da diversidade, que deve-se ser o centro de toda prática educativa, principalmente da Rede de Educação Básica. Além disso, é importante ressaltar, que o Estágio Supervisionado Curricular representa uma das estratégias de oposição alcançáveis ao embate contra o preconceito. Que utilizamos, cada vez mais, da educação como ferramenta na luta pela diversidade. 

 

Referências biográficas

 

Mariana Ponciano Ribeiro Rennó, graduanda de História pela Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), campus Jacarezinho-PR.

 

Nataly Souza Silva, graduanda de História pela Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), campus Jacarezinho-PR.

 

Referências bibliográficas

 

ALMEIDA, Maria Regina Celestino de. Os índios na história do Brasil. Rio de Janeiro: FGV, 2010.

 

KRENAK, Ailton. Retomar a história, atualizar a memória, continuar a luta. In: DORRICO, Julie. (org). Literatura indígena brasileira contemporânea: criação, crítica e recepção. Porto Alegre: Editora Pi, 2018. 

 

LIMA, Maria Socorro Lucena; PIMENTA, Selma Garrido. Estágio e docência: diferentes concepções. Poíesis Pedagógica, v. 3, n. 3 e 4, p. 5-24, 25 out. 2006.

 

PIMENTA, Selma Garrido; LIMA, Maria Socorro Lucena. Estágio e docência. São Paulo: Cortez,2012.

 

POLLAK, Michael. Memória e identidade social. Revista Estudos Históricos, vol. 5, n. 10, p. 200-212. Rio de Janeiro, 1992. Disponível em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/reh/article/view/1941/1080>. Acesso em: 06 de nov. 2019.

 

WITTMANN, LuisaTombini (org.). Ensino (D)e História Indígena. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2015.


2 comentários:

  1. Olá Mariana e Nataly, parabéns pelo texto!
    Bastante importante a lembrança e crítica sobre o Dia do Índio como legitimação de estereótipos que devem ser combatidos, bem como não são percebidas as nuances que se propagam também na comemoração do “Descobrimento do Brasil” que também se refere a um equívoco que contribui com a perpetuação de referenciais que deveriam ser descontruídos, fazendo uma comparação com o exemplo apresentado no artigo. Vocês relatam que durante a experiência pedagógica houve um aluno que decidiu compartilhar com o grupo sua ascendência indígena e isso por si só já fez valer a pena a atividade. Considerando que durante as aulas houve articulação com a realidade local dos estudantes (Terra Indígena de Laranjinha de Santa Amélia/PR), vocês acreditam que essa mediação tenha influenciado positivamente esse aluno a se afirmar descendente indígena perante os demais? A falta de diálogo com a realidade local em muitas discussões históricas em sala pode distanciar alguns temas dos alunos e com isso contribuir negativamente com a falta de empatia pelo assunto? Obrigada.
    Talita Seniuk

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    1. Olá Talita, agradecemos os apontamentos feitos ao nosso texto e os elogios em relação a relevância da temática. Nós como historiadoras, sabemos da importância que a história local tem na identificação dos estudantes como sujeitos ativos históricos, lembrando-os que a história acontece a todo o momento, inclusive em suas vidas, com isso, acreditamos sim que a proximidade com a comunidade indígena local foi fundamental nessa autoafirmação do estudante de descendência indígena, principalmente ao apresentarmos as crianças dessa comunidade e suas interações com a natureza a sua volta, proporcionando um reconhecimento entre as crianças. Sim, o distanciamento do estudo histórico do estudante com certeza influência negativamente não só na empatia sobre o assunto, bem como também no processo de ensino aprendizado dos estudantes, a exemplo disso ouvimos muito em sala de aula comentários do tipo “por que estudar o passado? Isso já aconteceu, não tem importância para mim!” muitas vezes reproduzidos por alguns estudantes do Ensino Básico ao entrarem em contato inicial com a disciplina, estudando a tal “História Geral”, geralmente focada no eurocentrismo, é nosso dever como educadoras e historiadoras apontar os sentidos e significados que a história tem na vida dos estudantes, a partir do incentivo a criticidade em relação a sua realidade, na busca pela identificação como sujeitos históricos, para isso, aproximar a história se faz fundamental, agregar a história local nos estudos se torna indispensável, bem como desenvolver aulas decoloniais, assegurando o cumprimento das leis 10.639/03 e 11.645/08.
      Mariana Ponciano Ribeiro Rennó e Nataly Souza Silva.

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